sexta-feira, outubro 21, 2005

Entrevista do Diácono Tó Carlos ao Jornal “Manhã Radiosa” – Jornal do Seminário Menor do Fundão.

Manhã Radiosa: Como descobriu a sua vocação?
Diácono Tó Carlos: Partindo dessa questão alguém poderia realizar um filme… uma longa-metragem!Costumo dizer que vou descobrindo diariamente a minha vocação. A minha vocação fundamental, acredito, é ser sacerdote… o modo como realizo a minha vocação vou descobrindo no meu dia a dia. Ontem, hoje e amanha vou procurando construir o meu caminho de realização e felicidade… este caminho é o meu caminho vocacional. A vocação será a minha resposta a diária a Deus em ordem a uma fidelidade à sua vontade para mim... se descobrir qual a vontade de Deus para mim, se a colocar em prática realizar-me-ei e serei feliz.
M.R.: Quando e como veio parar ao Seminário de Fundão?
D.T.C.: Terminei o curso de Teologia no ano lectivo 2003-2004 e, no ano lectivo transacto vim trabalhar para o Seminário Menor. Foi terminar o Seminário e começar de novo! Em funções diferente é claro!...As circunstâncias foram especiais porque vim numa altura em que o D. António já estava doente e por isso ausente da Diocese e ainda não tínhamos bispo coadjutor.
M.R.: Quando entrou para o Seminário tinha ideia de chegar a ser sacerdote?
D.T.C.: Vim para o Seminário com 10 anos! Vim porque quis. Tenho no entanto a sensação que na altura confundiram a minha timidez natural com “santidade”. Ainda bem que confundiram… digo eu agora!
M.R.: Durante o seu tempo de seminarista o que achava da missa diária, da equipa educadora e do seminário?
D.T.C.: Não sou diferente de vós e de certo que, na altura, pensaria aquilo que vós agora pensais! Com certeza também julgava a missa uma “seca” e também terei dito mal dos educadores e do Seminário! Só o tempo nos ensina a valorizar a vida no seminário e a formação integral que a equipa educadora procura sempre semear.
M.R.: A escolha do Sacerdócio é difícil?
D.T.C.: Nada de sólido se constrói na facilidade. Seria inconsciente se opta-se por ser sacerdote de animo leve! Este passo que vou dar exige de mim um esforço pessoal de abnegação e entrega à oração, à minha auto formação teológica e ao serviço dos outros por amor a Jesus Cristo e ao Evangelho.
M.R.: Como está a reagir a sua família?
D.T.C.: À minha família devo tudo! Sempre me apoiaram! Sempre quiseram e tudo fizeram para que eu fosse muito feliz. A educação que deles recebi, o amor que sempre me transmitiram é a minha base e será sempre o meu mais seguro “porto de abrigo”. No final desta etapa é evidente que estão felizes porque eu estou feliz!
M.R.: O que acha que irá sentir quando estiver a ser ordenado?
D.T.C.: Estarei como sempre estou…nervosinho e atrapalhado por ser o centro das atenções! É o momento de uma vida…um momento de consagração a Deus no serviço ao próximo.
M.R.: O que pensa que vai mudar na sua vida?
D.T.C.: O que vai mudar? Pouco espero! O sacerdócio exige de mim uma entrega e dedicação total ao Reino. É isso que, já agora, como Diácono, tenho tentado sempre fazer. Estarei ao serviço da Igreja Diocesana de forma radical. Como acólito enviaram-me para o Seminário do Fundão sempre procurei exercer da melhor forma…agora como padre mais obrigação tenho de me entregar a esta missão que o bispo diocesano me confiou.
M.R.: Ao tornar-se sacerdote gostaria de continuar no seminário ou ir para uma paróquia?
D.T.C.: Até Setembro do próximo ano sei que fico no Seminário! Depois o futuro a Deus pertence e o Sr. Bispo lá saberá…Se eu gostaria de ficar? Para já é esta a realidade que conheço… Não conheço profundamente a realidade paroquial. Enquanto estiver tudo farei para gostar de estar… se um dia deixar de estar tudo farei para gostar da nova missão.
M.R. O que é um padre?
D.T.C.: É alguém próximo…alguém amigo à imagem de Cristo bom pastor…sempre solicito!
M.R. De certeza que ao longo destes anos, houve momentos marcantes na sua vida. Partilhe connosco alguns desses momentos especiais.
D.T.C. Foram tantos o momentos especiais…foram tantos os momentos difíceis…. foram tantos os momentos marcantes nesta caminhada. Conto-vos um que acho importante! Sabeis porque vou ser padre? Eu vou ser padre porque sempre houve muita gente a rezar por mim. Sei que na minha terra natal todos os dias algumas dezenas de pessoas rezavam por mim…ao longo dos 14 anos de seminário houve sempre gente que rezou para que eu chegasse um dia a ser padre. Quando eu descobri isto… quando me dei conta desta força que me vinha da oração destas pessoas tive muita mais coragem para continuar a procurar qual a vontade de Deus para mim.
M.R. Por fim, deixe-nos um conselho…
D.T.C.: É para isso que cá estou! É isso que faço todos os dias aqui! Mais um… Aproveitai ao máximo aquilo que o Seminário coloca ao vosso dispor… crescei autenticamente como Homens e cristãos conscientes!Amai aquele que muito nos ama! Jesus Cristo!

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