domingo, fevereiro 24, 2008

TESTE A SUA VIVÊNCIA QUARESMAL

A atitude ante a oração ou os actos de piedade, a convivência com os outros ou simplesmente a capacidade para estar em silêncio podem dar pistas sobre a temperatura da vida espiritual de cada um. Ainda que a fé não se possa medir, estas perguntas podem ajudá-lo a saber como está a sua vida espiritual:

1. Custa muito a manter-se em silêncio e, quando está sozinho, costuma ligar todos os electrodomésticos que há em sua casa?

2. Costuma dedicar tempo a orar nalgum momento do dia?

3. Aos domingos, participa na Santa Missa?

4. Os actos de piedade aborrecem-no e foge de todo o religioso porque o enfada?

5. Sofre de ansiedade continuamente e o mau génio apodera-se de si com facilidade?

6. Vive bem, mas sente que a sua vida está vazia e que algo lhe faz falta?

7. Desfruta com plenitude do tempo e consegue arranjar tempo para tudo?

8. É tolerante e encontra o lado positivo nas situações difíceis?

9. Vive criticando os outros e costuma impor os seus pontos de vista?

10. Sente que Deus não o escuta, não o quer ou Se esqueceu de si?

11. É capaz de reconhecer os seus erros e de pedir perdão?

12. Agradece a Deus e aos outros pelos favores recebidos?

Respostas:

—1 Sim. 2 Não. 3 Não. 4 Sim. 5 Sim. 6. Sim. 7. Não. 8 Não. 9 Sim. 10 Sim. 11 Não. 12 Não.
Você tem totalmente descuidada a sua vida espiritual; isto pode provocar um grande desequilíbrio. É hora de voltar para Deus.

—1 Não. 2 Sim. 3 Sim. 4 Não. 5 Não. 6 Não. 7 Sim. 8 Sim. 9 Não. 10 Não. 11 Sim. 12 Sim.
Aparentemente, você esforça-se por cultivar a sua vida espiritual, mas tenha cuidado, pois ninguém é tão perfeito.

— Se as suas respostas não são Sim ou Não, mas Às vezes seguramente deve ser mais ordenado e paciente, mas está no bom caminho. Ânimo!

— As outras múltiplas opções de resposta indicam que você está em processo de conversão. Aproveite a Quaresma para acolher o Espírito.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

“Nós não somos proprietários mas somente administradores dos bens que possuímos"

Mensagem do santo Padre sobre a esmola.

A esmola representa um modo concreto de ir ao encontro de quem está em necessidade e, ao mesmo tempo, ajuda o homem a libertar-se do apego aos bens terrenos.
“Nós não somos proprietários mas somente administradores dos bens que possuímos”. Na verdade foi Deus que criou a terra e criou-a para todos os homens, dotando-a dos bens necessários aos homens de todos os tempos. Por isso mesmo, ninguém se pode apropriar desses bens e usá-los exclusivamente ao seu serviço, muito menos ao serviço do seu egoísmo. Quem acredita em Deus, no Deus que é Pai de todos os homens, não pode deixar de partilhar o que tem com os irmãos (os filhos de Deus) necessitados. O amor traduzido em gestos concretos de caridade, é única prova credível da autenticidade da fé em Deus.

A esmola, para ser uma verdadeira prática cristã, não é compatível com a publicidade. Aqueles que dão para dar nas vistas – e são muitos os que gostam e pretendem pôr-se em evidência a si próprios, não dão por amor de quem precisa nem para maior glória de Deus. Essa partilha não é caridade nem será objecto da recompensa de Deus. Tudo isto é o que Jesus ensina, quando afirma: “não saiba a tua mão esquerda o faz a tua direita”. Devemos ter presente e acreditar que Deus “vê no segredo” e que retribui largamente a quem dá com amor. São Pedro ensina que entre os frutos espirituais da esmola está o perdão dos pecados (1Pe 4,8).
A esmola, para ser uma obra de misericórdia, dever ser acompanhada pela oferta de nós mesmos. Os irmãos necessitados não precisam apenas do que nós temos, mas precisam também do que nós somos, precisam do nosso amor e do nosso afecto, do nosso respeito e da nossa atenção, das nossas palavras e do nosso silêncio. Só assim a esmola, para além de obviar às suas carências de ordem material, ajudará o homem a reencontrar a sua dignidade e o sentido da vida.

Além disso, a nossa partilha constituirá um testemunho da nossa fé, o anúncio de Cristo. Através da esmola, damos a Deus a oportunidade de manifestar o seu amor providente, damos a Cristo a oportunidade de se mostrar próximo daquela pessoa com a qual se identifica. E nós, naquele gesto de amor, amamos o próprio Senhor.

sábado, fevereiro 09, 2008

«Cristo fez-se pobre por vós» Mensagem para a Quaresma

Queridos irmãos e irmãs!

1. Todos os anos, a Quaresma oferece-nos uma providencial ocasião para aprofundar o sentido e o valor do nosso ser de cristãos, e estimula-nos a redescobrir a misericórdia de Deus a fim de nos tornarmos, por nossa vez, mais misericordiosos para com os irmãos. No tempo quaresmal, a Igreja tem o cuidado de propor alguns compromissos específicos que ajudem, concretamente, os fiéis neste processo de renovação interior: tais são a oração, o jejum e a esmola. Este ano, na habitual Mensagem quaresmal, desejo deter-me sobre a prática da esmola, que representa uma forma concreta de socorrer quem se encontra em necessidade e, ao mesmo tempo, uma prática ascética para se libertar da afeição aos bens terrenos. (…) A esmola ajuda-nos a vencer esta incessante tentação, educando-nos para ir ao encontro das necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, por bondade divina, possuímos. (…)

2. Segundo o ensinamento evangélico, não somos proprietários mas administradores dos bens que possuímos: assim, estes não devem ser considerados propriedade exclusiva, mas meios através dos quais o Senhor chama cada um de nós a fazer-se intermediário da sua providência junto do próximo. (…)

3. O Evangelho ressalta uma característica típica da esmola cristã: deve ficar escondida. «Que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita», diz Jesus, «a fim de que a tua esmola permaneça em segredo» (Mt 6, 3-4). (…) que esta consciência acompanhe cada gesto de ajuda ao próximo evitando que se transforme num meio nos pormos em destaque. Se, ao praticarmos uma boa acção, não tivermos como finalidade a glória de Deus e o verdadeiro bem dos irmãos, mas visarmos antes uma compensação de interesse pessoal ou simplesmente de louvor, colocamo-nos fora da lógica evangélica. (…) A esmola evangélica não é simples filantropia: trata-se antes de uma expressão concreta da caridade, virtude teologal que exige a conversão interior ao amor de Deus e dos irmãos, à imitação de Jesus Cristo, que, ao morrer na cruz, Se entregou totalmente por nós. Como não agradecer a Deus por tantas pessoas que no silêncio, longe dos reflectores da sociedade mediática, realizam com este espírito generosas acções de apoio ao próximo em dificuldade? De pouco serve dar os próprios bens aos outros, se o coração se ensoberbece com isso: tal é o motivo por que não procura um reconhecimento humano para as obras de misericórdia realizadas quem sabe que Deus «vê no segredo» e no segredo recompensará.

4. Convidando-nos a ver a esmola com um olhar mais profundo que transcenda a dimensão meramente material, a Escritura ensina-nos que há mais alegria em dar do que em receber (…). Todas as vezes que por amor de Deus partilhamos os nossos bens com o próximo necessitado, experimentamos que a plenitude de vida provém do amor e tudo nos retorna como bênção sob forma de paz, satisfação interior e alegria. (…)

A esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus também e pode tornar-se instrumento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos.

5. A esmola educa para a generosidade do amor. (…) Não se resume porventura todo o Evangelho no único mandamento da caridade? A prática quaresmal da esmola torna-se, portanto, um meio para aprofundar a nossa vocação cristã. Quando se oferece gratuitamente a si mesmo, o cristão testemunha que não é a riqueza material que dita as leis da existência, mas o amor. Deste modo, o que dá valor à esmola é o amor, que inspira formas diversas de doação, segundo as possibilidades e as condições de cada um.

6. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma convida-nos a «treinar-nos» espiritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo. (…) Com a esmola, oferecemos algo de material, sinal do dom maior que podemos oferecer aos outros com o anúncio e o testemunho de Cristo, em cujo nome temos a vida verdadeira. Que este período se caracterize, portanto, por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermos testemunhas do seu amor. Maria, Mãe e Serva fiel do Senhor, ajude os crentes a regerem o «combate espiritual» da Quaresma armados com a oração, o jejum e a prática da esmola, para chegarem às celebrações das Festas Pascais renovados no espírito. Com estes votos, de bom grado concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 30 de Outubro de 2007
Papa Bento XVI

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Caminhada Quaresmal com o Pe. António Vieira

"O sol pode fazer dias longos:
dias grandes só os fazem
e podem fazer as acções".

"Melhor será arrepender-se agora,
do que quando o mal passado não tenha remédio".

"Pelo que fizeram se hão-de condenar muitos,
pelo que não fizeram todos".

"Lembra-te, homem, que és pó levantado
e hás-de ser pó caído".


No dia em que celebramos 400 anos do nascimento do Pe. António Vieira, que magnificos pensamentos para começarmos esta Quaresma. Que pena que este português não seja mais conhecido e estudado...

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

A Paróquia do Minhocal presta contas

O Conselho Económico Paroquial de Minhocal apresentou as contas referentes ao exercício económico de 2007.


Como presidente do Conselho Económico Paroquial, quero agradecer publicamente a todos os que contribuiram com o seu o esforço e manifestaram assim a sua generosidade.

O Conselho Económico Paroquial de Minhocal

sábado, fevereiro 02, 2008

Seduz-te a ideia de uma vida eterna?

“É grande nos Céus a vossa recompensa”.
No Domingo passado, Jesus dirigiu-nos este convite: “arrependei-vos, porque o reino de Deus está próximo”. Foi com estas palavras que Jesus deu início à sua pregação. E elas constituem a síntese do Evangelho de Jesus.
Hoje, através das bem-aventuranças, Jesus indica as atitudes e os sentimentos que o homem deve ter, o que o homem deve fazer e o modo como deve viver:
  • para acolher e pertencer ao reino de Deus;
  • para o ajudar a construir no mundo dos homens;
  • e para o receber como herança na vida eterna.

    “É grande nos Céus a vossa recompensa”.
És sincero, quando dizes, ao professares a tua fé: “espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir”? Estas palavras correspondem ao que realmente sentes e acreditas?

Acreditas o suficiente em Deus como para acreditares também que Ele te criou para a eternidade? Acreditas que Jesus é “a ressurreição e a vida” e que pode garantir a ressurreição e a vida eterna a todos os que nele acreditam?
Seduz-te a ideia de uma vida eterna?
Deslumbra-te a possibilidades de a receberes como herança? Sentes-te estimulado a percorrer o caminho para a alcançares?

Ao contemplar o mundo, a sua grandeza e a sua beleza, o tempo e a trajectória da sua evolução; ao seguir o desenrolar e o fio condutor da história humana; ao olhar para a intimidade do meu ser e ao perscrutar as minhas inquietações e aspirações existenciais; descubro, antes de mais, que Deus existe. Deus é para mim uma evidência e uma necessidade inquestionáveis.
Depois, descubro que o mundo existe para o homem e que é o homem que dá sentido ao mundo. Sim, que sentido teria o mundo, se o homem não estivesse no mundo para o contemplar e o usufruir?

Descubro ainda que o homem, todo o homem, deseja vencer as fronteiras do espaço e do tempo; no mais fundo de si mesmo, todo o homem aspira a encontrar-se com Deus e a ser como Ele. E nisto não há pecado. Pecado existe, e gravíssimo, quando o homem pretende eliminar Deus da sua vida e ocupar o seu lugar.

De resto, o próprio Deus quis e quer que o homem seja semelhante a Ele. Na verdade, Criou-o à sua imagem. Como consequência lógica, Deus exorta todos os homens: “sede santos, porque Eu, o vosso Deus, sou santo”. Por sua vez, Jesus, situando-se na mesma linha e seguindo a mesma lógica, diz-nos: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste”. E o apóstolo São João confirma que um dia “seremos semelhantes a Ele (Deus), porque O veremos tal como Ele é”.
O facto de Deus ter criado o mundo a pensar no homem e ter constituído o homem como o administrador do mundo; o facto de o mundo existir há tanto tempo e o facto de o homem existir tão pouco tempo neste mundo; o facto de Deus ter criado o homem à sua imagem e de o homem desejar ser como Deus; levam-me a concluir e a acreditar que Deus criou o homem a pensar no mundo do Céu - o mundo de Deus, o mundo da eternidade. Deus criou este mundo a pensar no homem e criou o homem a pensar no Céu!!!



Mas temos mais razões para esperar “a vida do mundo que há-de vir”.
  • Jesus Cristo, com as suas palavras e com as suas obras, e mais ainda com a sua ressurreição, mostrou e provou que era o Filho de Deus. Mas que interesse teria para nós a vinda do Filho de Deus ao nosso mundo, se Ele não vencesse a nossa morte com a sua morte e com a sua ressurreição não garantisse a nossa? Teria sido em vão a sua vinda, seria inútil acreditar nele, seria uma ilusão seguir a trás dele. “Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram”(1Cor 15, 20).

  • Muitos procuram justificar as suas dúvidas ou mesmo a sua descrença, argumentando que aqueles que partem (os mortos) não dão sinais de vida. Mas esses, que assim pensam e falam, enganam-se.
Os milagres que Deus realiza por intercessão dos santos são sinais, mais do que evidentes e credíveis, de que eles continuam vivos. Caso contrário, Deus só realizaria milagres, quando estes lhe fossem pedidos sem a mediação de ninguém.
Os milagres, exigidos para a beatificação ou canonização de alguém, são cientificamente provados, ou seja, as curas só são declarados como milagres depois de os cientistas verificarem que elas não podem explicar-se de outro modo (não podem explicar-se cientificamente).
Afinal, os que partem dão sinais de que estão vivos e, além disso, de que podem intervir em favor daqueles que ainda vivem na terra!
Mas também na nossa vida pessoal, se estamos atentos às manifestações de Deus e receptivos aos seus dons, encontramos sinais que nos apontam na mesma direcção, que clarificam a nossa fé e corroboram a nossa esperança.
  • Acredito em Deus e “espero a vida do mundo que há-de vir”;
  • Acredito em Cristo e “espero a ressurreição dos mortos”.
  • Acredito, porque Deus me dá muitas razões, mais que suficientes e consistentes, para acreditar. E esta fé é o fundamento inabalável da minha esperança.
É esta esperança que nos impede de desistir ou de cair no desânimo:
  • quando temos de suportar o insucesso da nossa missão junto dos homens;
  • quando verificamos que esmorece sempre mais o entusiasmo da fé dos cristãos;
  • quando vemos que são cada vez mais aqueles (crianças, jovens e adultos, pais e filhos) que se afastam da prática da vida cristã;
  • quando não vislumbramos o que devemos fazer para inverter esta situação.

Penso, mais, estou persuadido de que nesta situação o que temos a fazer e Deus nos pede é precisamente isto: dar testemunho da nossa esperança.