
Jesus surpreende-nos e desconcerta-nos, frequentemente, com as suas reacções! Neste caso concreto, como acreditar que Jesus era realmente amigo de Lazaro, de Marta e de Maria! Não estará Jesus a pôr em causa a amizade que o unia aquela família?!
Ao referir-se à doença de Lazaro, Jesus diz: “Essa doença é para que por ela seja glorificado o Filho do homem”. Por sua vez, ao referir a vantagem de não ter estado lá, Jesus, dirigindo-se aos discípulos, aponta um motivo importante: “por vossa causa … para que acrediteis”.
O desenrolar da história dar-nos-á uma resposta óbvia e convincente.

Jesus alegra-se por não ter estado lá para o curar, porque assim pode manifestar o seu poder divino, chamando-o da morte à vida. É mais importante e mais revelador ressuscitar Lázaro do que ter restabelecido a sua saúde! Manifestando o seu poder sobre a morte (poder que nenhum homem tem, poder que é próprio de Deus) Jesus leva os seus discípulos e muitos dos judeus presentes a acreditarem nele. Ainda bem que Jesus não estava lá. Precisamente porque não estava lá, muitos puderam testemunhar a ressurreição de Lázaro e acreditar em Jesus.
“Alegro-me por não ter estado lá”.
- Se tivesse estado lá, não teria acontecido o diálogo, tão franco e tão revelador, entre Jesus e Marta. Através dele, Jesus apresenta-se como “a ressurreição e a vida”, o Senhor da vida e da morte, e garante que quem nele acredita nunca morrerá. Por Ele, os homens têm acesso à vida eterna de Deus.
- Por sua vez, Marta tem a oportunidade de professar a sua fé em Jesus: “Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”. A dor que sente pela morte do irmão não rouba a Marta a capacidade de ouvir nem a priva da sua lucidez. Pelo contrário, ela escuta e com-preende as palavras e as razões de Jesus. Por isso, daquele diálogo sai mais esclarecida a sua fé e mais forte o seu amor por Jesus!
- Ainda bem que Jesus não estava lá. Todos nós lucramos com esse facto! Lucramos com a revelação de Jesus e com o testemunho de Marta!

Jesus, ao ver “Maria chorar e vendo chorar também os judeus que vinham com ela, comoveu-se profundamente e perturbou-se”. E, depois, ao aproximar-se do local onde tinham colocado o corpo de Lázaro, “Jesus chorou”.
Jesus comove-se e chora, porque é sensível à dor e às lágrimas dos familiares e amigos de Lázaro. Mas Jesus chora também porque era efectivamente muito amigo de Lázaro. As lágrimas, quando são autênticas, são sinal de uma verdadeira amizade. Os próprios judeus o intuem e, por conseguinte, comentam com admiração: “vede como era seu amigo!”
Ainda bem que Jesus não estava lá! Assim, Ele pôde dar este extraordinário testemunho de amizade. Jesus, o Filho de Deus, que tem poder para ressuscitar Lázaro, mostra-se profunda e admiravelmente humano, chorando por Lázaro morto!
“Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”.

Não tendo estado lá, na altura em que as duas irmãs julgavam que deveria estar, Jesus pôde revelar melhor a sua verdadeira identidade: revelou a sua divindade, ressuscitando Lazaro, e mostrou a sua humanidade, chorando por ele e comovendo-se com todos os que choravam. Além disso, e esse é o principal objectivo de Jesus, muitos, testemunhando o que Ele fez por Lázaro, acreditaram nele.
Muitas vezes censuramos Deus
- Porque Ele, pensamos nós, não se encontra no lugar certo nem actua na hora certa, ou seja, Deus não está onde e quando é preciso nem actua segundo as nossas necessidades.
- Por vezes, ficamos com a impressão de que Deus não está do nosso lado nem age em nosso favor como seria de esperar do verdadeiro Deus. Quase parece que Deus está no contra!
A história do Evangelho mostra que Deus, muito melhor do que nós, conhece o que nos faz falta e convém, para a nossa vida e para a nossa salvação. Ele, melhor do que nós, sabe qual é o momento certo para agir na vida do homem e em seu favor.
Não nos compete julgar Deus, muito menos julgá-lo desde as nossas perspectivas, segundo as nossas conveniências e as nossas pressas. Felizmente, a lógica e os ritmos de Deus não coincidem com a lógica e os ritmos dos homens! Se Deus andasse ao mando dos homens, o mundo estaria, seguramente, muito pior!
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